Como a IA vai impactar a vida dos humanos nos próximos cinco anos.

Às vezes penso como a história se repete através dos séculos! A Revolução Industrial dos anos 1700/1800 marcou a transição de uma economia baseada na agricultura e no artesanato para uma economia industrializada, com o uso de máquinas movidas a vapor e a criação de fábricas. Um pouco mais tarde também, entre o final do século XIX e o início do século XX, houve outra grande ou Segunda Revolução Industrial, caracterizada pelo avanço da eletricidade, do petróleo e pela produção em massa. Ambas representaram marcos tecnológicos que transformaram profundamente a sociedade, a economia e a forma como as pessoas vivem e trabalham. O mundo nunca mais foi o mesmo.

O tempo da horta no quintal da casa dos avós, galinhas poedeiras cacarejando mais um ovo posto, grandes gramados, transporte a cavalos ou carros de boi já fazem parte do álbum de fotografias (sim, aquele com fotos coladas, amareladas pelo tempo).

Nunca mais teremos que ir à Blockbuster para alugar um vídeo ou ir até uma pizzaria pegar o jantar.

Mais tecnologia, mais conforto, menos empregos, mais fome?

Será que com a IA poderia ser diferente?

A demanda sempre crescente por inovações nos traz, hoje, um futuro utópico, mas realizável. Afinal é isso que vem sendo provado a cada século que vem e que vai.

Hoje, cada vez mais, buscamos um novo eletrodoméstico que fará nossa vida menos árdua, carros voadores e viagens espaciais já acenam com sua possibilidade, talvez até a máquina preparadora de alimentos dos Jetsons* esteja, já já, batendo à nossa porta.

Mas, agora, falando sério – o que mais há para inventar?

Da mesma forma que nos séculos passados, nos próximos cinco anos, devemos sentir como a inteligência artificial (IA) deve impactar a vida dos humanos de forma significativa em diversas áreas.  Traçar um paralelo entre a criação da inteligência artificial (IA) e a Revolução Industrial, penso eu, é não apenas válido, mas também bastante esclarecedor.  Isso pode nos alertar e nos preparar, psicologicamente pelo menos, para o que está por vir.

Enquanto na Revolução Industrial máquinas substituíram o trabalho manual em fábricas, aumentando a produtividade e reduzindo a necessidade de mão de obra em tarefas repetitivas, hoje a IA automatiza tarefas intelectuais e analíticas, como atendimento ao cliente, diagnósticos médicos, processamento de dados e até atividades criativas.

Enquanto na Revolução Industrial houve a substituição de trabalhadores artesanais por operários em linhas de produção, além da criação de novas profissões, hoje, com a IA, algumas profissões estão em risco de extinção, favorecendo o surgimento de outras novas (como engenheiros de machine learning, especialistas em ética de IA e, só Deus sabe o que mais).

Durante a Revolução Industrial, inovações como a máquina a vapor, ferrovias e sistemas de produção em massa foram introduzidas, impulsionando o desenvolvimento econômico. Atualmente, a Inteligência Artificial (IA) está promovendo avanços significativos em áreas como saúde, ciência de materiais, finanças e comunicação, com o potencial de transformar indústrias inteiras.

Enquanto a Revolução Industrial provocou debates sobre exploração trabalhista, desigualdade social e condições precárias de trabalho, a IA levanta questões sobre privacidade, viés algorítmico, desinformação e a responsabilidade por decisões automatizadas.

Por outro lado, enquanto a Revolução Industrial se estendeu ao longo de mais de um século e se espalhou lentamente para outros países, a evolução da IA ocorre em um ritmo exponencial, adotada quase simultaneamente em todo o mundo devido à conectividade digital. A Revolução Industrial afetou principalmente o trabalho físico e repetitivo; a IA impacta tanto o trabalho físico (com robótica) quanto o intelectual (com algoritmos inteligentes).

Talvez, e não apenas talvez, mas urgentemente, devamos nos

preparar para o que vem adiante. Assim como a Revolução Industrial exigiu a requalificação da força de trabalho, a IA exige investimentos em educação tecnológica.

Com toda certeza, há inúmeras vantagens com o advento da IA, que cada vez mais avançada organizará rotinas, responderá perguntas e automatizará tarefas domésticas.

Algoritmos já sugerem produtos com base em preferências e histórico de consumo, tornando as compras mais personalizadas.

Carros autônomos podem começar a se popularizar, oferecendo mais segurança e conveniência em algumas cidades.

Na educação, plataformas de IA adaptarão o conteúdo educacional de acordo com o ritmo e o estilo de aprendizagem de cada aluno.

Ferramentas de IA responderão dúvidas em tempo real, oferecendo suporte contínuo fora da sala de aula. Realidade aumentada e simulações baseadas em IA tornarão o aprendizado mais imersivo.

Na área da saúde, algoritmos de IA ajudarão médicos a detectar doenças em estágios iniciais com maior precisão, como câncer e doenças cardiovasculares. A IA permitirá tratamentos adaptados ao perfil genético e histórico clínico de cada paciente. A análise de exames e documentação, serão mais eficientes, liberando profissionais para cuidados diretos com os pacientes.

Entretanto, há que se considerar algumas desvantagens, como as que ocorreram na Revolução Industrial e, se a história persiste em se repetir, ocorrerão também num futuro mais próximo do que se pode imaginar, pelos séculos por vir. 

A IA continuará automatizando atividades repetitivas em setores como logística, atendimento ao cliente, contabilidade e manufatura.

Surgirão novas carreiras focadas em IA, como engenheiros de prompt, especialistas em ética de IA e cientistas de dados.

Empresas e governos investirão mais em programas de capacitação para preparar trabalhadores para lidar com tecnologias emergentes.

O aumento da coleta de informações pessoais pela IA levanta preocupações sobre privacidade e proteção de dados. Questões éticas sobre o uso responsável de IA, como viés algorítmico e decisões automatizadas, exigirão novas regulamentações.

Caberá aos governos ao redor do mundo, a árdua tarefa de buscar equilíbrio entre inovação e responsabilidade, criando políticas para o uso ético da IA.

A vida nunca mais será simples, pelo menos para a grande maioria de nós.

E você? Já está preparada/o?

*Os Jetsons são uma série de TV, criação de Hanna-Barbera Productions dos anos 60.